O rompimento do saco de Douglas -membrana localizada na parte de baixo do abdômen, entre o útero e o reto- apontado em laudo sobre a morte de Lívia Gabriele da Silva Matos, 19, é incomum, mas pode ocorrer em determinadas situações, dizem médicos. A jovem morreu durante um encontro no apartamento do jogador de futebol Dimas Cândido de Oliveira Filho, 18, do sub-20 do Corinthians, na noite de terça (30). Segundo a Polícia Militar, que atendeu a ocorrência, o atleta declarou que ela começou a sangrar e desmaiou durante a relação sexual . Eduardo Siqueira, membro da Comissão de Sexologia da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), explica que o saco de Douglas não é uma estrutura que tenha função ou que gere problema -apesar de servir como ponto de referência para a investigação de doenças, como a endometriose . Segundo ele, a laceração na área pode ocorrer durante a relação no caso de “pouca lubrificação, ressecamento, se o ato sexual –consentido ou não– ser realizado de forma intensa ou até se for utilizado um objeto de forma inadvertida”. Por se tratar de uma região de muita vascularidade, o sangramento costuma ser mais intenso.Quando isso acontece, ele afirma que a maioria das mulheres procuram médicos é suturada, ficam bem e continua mantendo relações sexuais. “Ninguém precisa se preocupar em manter uma relação”, diz.
Carolina Fernandes Giacometti, ginecologista do Hospital Albert Einstein, concorda que a ruptura do saco de Douglas é rara, mas pode acontecer quando relacionada a um trauma. “Como é uma região em que o tecido é elástico e flexível, é raro ter lacerações deste tipo, mas podem acontecer”, afirma. Giacometti explica ainda que entre as condições que podem gerar esse tipo de problema estão a realização de cirurgias especificamente na região e a existência de cicatriz no local. Na fase de menopausa ou de amamentação, a região também fica mais sensível e ressecada. “Se a mulher tiver algum distúrbio de coagulação, pode sofrer uma laceração mais grave do que alguém que não tem essa condição”, alerta. A Polícia Civil de São Paulo investiga o caso. A ocorrência foi registrada como morte suspeita no 30º DP e repassado para a 5ª DDM (Delegacia de Defesa da Mulher)
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